Vamos ajudar o Cristóvão a fazer o curso de enfermagem!

Caríssimos,

Preciso de ajuda, não para mim, mas para um rapaz de ouro que tenho no coração há vários anos e que vive em Luanda.

Alguns dos que me conhecem há mais tempo saberão que uma das coisas que fiz quando vivi em Berlim foi visitar e organizar visitas a crianças angolanas hospitalizadas, no âmbito de uma ONG que eu criei na altura e que se chamou (e ainda chama) Berlinda.

As crianças vinham de meios muito carenciados (estou a usar um eufemismo), tinham problemas de saúde gravíssimos e eram levadas para a Alemanha por uma organização médica, chamada Friedensdorf, que lhes assegurava tratamento em hospitais alemães durante seis meses, findos os quais regressavam para casa curados.

Durante esse tempo, estavam longe das suas famílias, num país desconhecido, sem entender o idioma, assustados. O programa de visitas que criei visava dar conforto a essas crianças, que durante toda a estadia eram visitadas por voluntários que falavam português e alemão, faziam a ponte com o pessoal hospitalar, faziam companhia, davam alento , e as ajudavam a passar todo esse período da melhor forma possível.

Um desses meninos, que conheci em 2012, era o Cristóvão. Tinha 11 anos, e contrariamente aos outros meninos, o caso clínico dele era tão complicado que em vez de seis meses, ficou três anos.

Nesses três anos, eu e outros voluntários tivemos o privilégio de ser a sua família. Fizemos-lhe três festas de aniversário no hospital (sempre desejando que fosse essa a última), visitámo-lo, demos-lhe aulas de português, matemática e inglês, para que não perdesse de todo o contacto com a escola; organizamos campanhas para que lhe enviassem postais de aniversário — e que surpresa ver centenas de postais a chegar de todas as partes do mundo, até da Ilha da Páscoa!, enfim, fizemos o melhor que soubemos para estar sempre ali para ele.

O Cristóvão regressou a Luanda aos 14 anos. Hoje, tem 23 anos.

Nunca mais o vi, mas falo com ele todos dias desde então.

Não quero desrespeitar a sua privacidade, por isso tenho de medir as palavras ao descrever a vida que encontrou no seu regresso, as dificuldades, a iliteracia, o historial familiar, a miséria.

Direi apenas que o Cristóvão, nascido e criado em circunstâncias do mais adverso que se possa imaginar, destinado a uma vida de pobreza extrema, decidiu quebrar o ciclo e estudar.

Não foi fácil. Nem sempre foi compreendido pela família, que não via com bons olhos passar tempo na escola em vez de conseguir algum biscate que fosse trazendo dinheiro. Pelo meio, teve de deixar o lugar onde vivia com a família e passar a viver com outro familiar, que tinha graves problemas de saúde, e era o Cristóvão que cuidava dele.

Nada demoveu o Cristóvão. Entendeu que para se chegar a algum lado é preciso investir muito, estudar muito. E que a sua tábua de salvação seria a escola.

Os anos passaram, e o Cristóvão nunca desistiu. Eu tenho tido o privilégio de o acompanhar.

Tenho um orgulho imenso em dizer que terminou em junho passado o Ensino Médio em Enfermagem - o nosso 12.º ano, mais um ano extra de estágio.

A sua nota final no estágio hospitalar foi 19 e defendeu o seu trabalho de fim de curso com 20 valores. ❤️

Não contente com isso fez o exame de acesso para a universidade, para o curso superior de enfermagem.

Quer ser enfermeiro, para ajudar outros meninos como ele foi.

Passou no exame - e entrou na universidade!

Trata-se da UPRA - Universidade Privada de Angola,em Luanda, cujo campus na área da saúde tem infraestruturas fantásticas e ensino reconhecido de qualidade.

(O comentário do Cristóvão, a ao ver pela primeira vez as instalações, a biblioteca, as ambulâncias, os laboratórios, etc, foi que ali havia mais equipamento, mais pessoal e mais condições do que tudo o que ele tinha visto no ano inteiro de estágio no hospital).

Foram muitos os candidatos que tiveram de ficar de fora, mas o Cristóvão, com a sua garra serena, consegiu!

A parte mais difícil, que era chegar até aqui, neste meio e história de vida tão adversos, já passou. O Cristóvão entrou para a universidade e será um excelente enfermeiro.

Agora falta o resto, que é conseguir pagar os estudos.

A licenciatura dura 4 anos - será de 2024 a 2028. Fazendo a conta à totalidade dos gastos (mensalidade, taxas de matrícula, emolumentos, propinas, material escolar, transporte, alimentação, etc., tudo para quatro anos), o Cristóvão precisa de 10.000 Euros.

Por isso criei esta campanha, para poder ajudá-lo a chegar aos seus objectivos.

O dinheiro de cada ano será transferido ao Cristóvão, para ele gerir em articulação com a universidade. O resto, ficará cativo até ao ano seguinte e volta a ser transferido no início de cada ano lectivo.

O Cristóvão vale o seu peso em ouro. Ponho as minhas duas mãos no fogo pela sua integridade, sentido de responsabilidade, resiliência, afinco e empenho. De resto, o que consegui até aqui, fala por si e não deixa dúvidas quanto à sua vontade, capacidade e mérito.

(E quanto a mim, que apenas lancei a campanha, para o caso de quererem saber mais: sou Musicóloga, doutorada em Ciências Musicais Históricas, dou aulas e sou investigadora na FCSH - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa; faço os Guias de Audição na Fundação Calouste Gulbenkian, fui convidada para ser Visiting Professor na Universidade de Massachussetts em Lowell (EUA), tenho dois filhos, e o resto encontrarão no Google se quiserem saber mais. Tudo resumido, sou uma pessoa que ajuda o Cristóvão há muitos anos, e que espera poder contar com o apoio de todos para o ajudar mais e melhor).

Tenho esperança de que muitas pessoas queiram e possam contribuir para que este sonho se torne realidade.

Qualquer valor, do grande ao ínfimo, é uma ajuda enorme e aproxima o Cristóvão do seu objectivo: ser enfermeiro e ajudar crianças como a que ele foi.

Vamos ajudá-lo!

Vamos ajudar o Cristóvão a fazer a Licenciatura em Enfermagem!

MUITO OBRIGADA!!!!

Muito obrigada! ❤️❤️